O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) apresentou nesta quinta-feira (28), em Brasília, um relatório detalhando os impactos das enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul entre abril e maio deste ano. O estudo, elaborado em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) e o Grupo Banco Mundial, estima um prejuízo total de R$ 88,9 bilhões no estado.
Setores mais afetados
De acordo com o levantamento, o setor produtivo foi o mais impactado, concentrando 69% das perdas, o equivalente a R$ 61 bilhões. Setores sociais, infraestrutura e meio ambiente também sofreram danos, respondendo por R$ 19 bilhões (21%), R$ 7 bilhões (8%) e R$ 1,6 bilhão (1,8%), respectivamente.
As perdas representam uma retração de 1,3% no Produto Interno Bruto (PIB) gaúcho para 2024. No entanto, o BID destacou que as ações emergenciais do governo federal, como transferências diretas e apoio financeiro a estados e municípios, reduziram o impacto econômico em 1,1%, evitando uma queda maior de 2,4% no PIB.
Impactos no emprego e na renda
O relatório também estima que as enchentes podem resultar na perda de 432 mil empregos em 2024, uma redução de 7,3% no total de pessoas ocupadas no início do ano. Além disso, os rendimentos dos trabalhadores devem cair cerca de R$ 3,22 bilhões, enquanto os impostos sobre a produção podem registrar uma diminuição de R$ 89,3 milhões.
Recomendações para recuperação e prevenção
Entre as sugestões do relatório estão ações imediatas para reconstrução e prevenção de novos desastres, como:
- Construção de infraestruturas resilientes, incluindo diques e sistemas eficientes de drenagem.
- Criação de sistemas de alerta precoce e melhoria na gestão de emergências.
- Atualização de mapas de áreas de risco e definição de zonas restritas para novas construções.
- Investimentos em obras que gerem empregos, priorizando populações vulneráveis.
No médio prazo, o documento recomenda o fortalecimento da coordenação entre governos e municípios, atualização dos planos diretores para considerar impactos climáticos e a formalização de um órgão estadual para gestão de riscos.
Apoio internacional e mobilização do governo federal
Desde maio, o BID anunciou uma linha de crédito de R$ 5,5 bilhões para apoiar a reconstrução no Rio Grande do Sul. O ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, destacou os esforços para garantir não apenas a recuperação imediata, mas também a prevenção de novos desastres.
“O presidente Lula enfatizou que, além da resposta emergencial, devemos assegurar uma prevenção definitiva para o estado. Essa mobilização já inclui recursos destinados à reconstrução e à proteção das populações afetadas”, afirmou Góes.