Pra quem não sabe, sou de Maceió, Alagoas, Nordeste brasileiro. E como toda capital pequena, a sua vida cultural não é tão agitada, o que me levava a fazer uma coisa interessante quando morava lá: ir a shows de bandas autorais mesmo sem conhecê-las, e muitas vezes até sozinha (Na verdade, essa é uma das premissas do apoio à cena independente, mas na prática nem sempre isso acontece). O circuito de shows de Porto Alegre é bem mais movimentado, o que faz com que, de modo geral, eu assista apenas a apresentações de artistas que já conheço bem e gosto – Na medida em que tenho tempo e dinheiro suficientes. Mas semana passada, decidi retomar esse antigo hábito depois de anos.
No dia 20 de fevereiro fui ao Grezz conferir os shows de Thiago Amud e do trio Mocofaia, sem ter escutado absolutamente nada deles e lido muito pouca coisa sobre as trajetórias dos músicos, fazendo o exercício de dar um raro crédito para as primeiras impressões.
Amud abriu a noite, só ele, voz e violão. Já estava um pouco curiosa para vê-lo porque já sabia que o músico tem parcerias com medalhões da MPB, como Caetano Veloso e Chico Buarque. Me chamou a atenção o jeito parecido com o de Caetano, mas mais ainda que ele se manteve firme diante de uma plateia que não prestava atenção e conversava alto. Acho um sinal de humildade, autoconfiança e, mais importante: amor à música. Admiro artistas assim.
Depois foi a vez do Mocofaia, trio de música afro-brasileira formado por Luizinho do Jêje (do Aguidavi o Jêje, cujo disco foi eleito um dos melhores de 2023), Marcelo Galter e Sylvio Fraga, que junto com Thiago, fazem parte do casting da gravadora Rocinante, especializada em música instrumental brasileira. É interessante e até animou um pouco mais a plateia, mas gostaria de ver novamente em um outro momento.
É, talvez escrever às cegas sobre música não seja lá uma grande ideia. Mas a experiência de assistir a shows sem conhecer (ou conhecendo pouco) os artistas vale muito. Inclusive, já virei fã de cantores por causa de suas apresentações.
Mas agora tenho que ir. Vou num tributo a um artista que eu só conheço 10 músicas.