Domingo, 6 de outubro de 2024

Brasil registra crescimento acelerado de incêndios em setembro

O Brasil enfrentou 5.132 focos de incêndio nas últimas 24 horas, respondendo por 75,9% dos incêndios na América do Sul, de acordo com o Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A maior parte dos focos está no Cerrado, que superou a Amazônia em número de incêndios, com 2.489 registros entre ontem (9) e hoje.

Ane Alencar, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), destacou a preocupação com a antecipação do período crítico. “Estamos em uma situação difícil e tememos uma escalada como a do final do ano passado, quando a situação na Amazônia piorou”, disse.

Em setembro, o número de focos já ultrapassa o dobro do registrado no mesmo período de 2023. Foram 37.492 focos nos primeiros dez dias do mês, contra 15.613 no ano passado. Alencar atribui o aumento à combinação de El Niño, La Niña, aquecimento global e atividades humanas.

Além dos biomas Amazônia e Pantanal, o estado de São Paulo também enfrenta incêndios graves. No Cerrado, o Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, teve 10 mil hectares queimados. Em Mato Grosso, o ICMBio interditou pontos turísticos devido aos incêndios.

A Parquetur informou que as atrações turísticas em Goiás não foram afetadas, pois o incêndio não compromete as áreas de visitação. “É importante que as visitações ao entorno continuem para evitar impactos negativos no turismo local”, afirmou a empresa.

Alencar ressaltou que a maioria dos incêndios é provocada por atividades humanas, como o uso do fogo para renovação de pastagens e desmatamento. A crise também afeta a qualidade do ar e a saúde pública, com o Ministério da Saúde mobilizando a Força Nacional do Sistema Único de Saúde (FN-SUS) para ajudar a mitigar os efeitos das queimadas.

A especialista pede maior conscientização e engajamento da sociedade. “Os esforços governamentais não serão suficientes sozinhos. A mobilização da sociedade é essencial”, concluiu.