Crítica | Entrevista com o Demônio

A nova estréia nos cinemas do Brasil traz David Dastmalchiane em uma atuação perfeita para Entrevista com o Demônio. Com seu semblante pálido, elegância lacônica e ar de um homem que dorme em uma cripta, o ator traz uma nota de estranheza a tudo o que faz.

Na trama, David dá vida ao apresentador de um programa de bate-papo noturno, Jack Delroy. Antes um aspirante a Johnny Carson relativamente bem-sucedido, ele está sofrendo com a queda nas críticas de seu programa e a falta de novas ideias para levar o projeto adiante. A morte recente de sua jovem esposa adiciona uma camada de desespero existencial que ele esconde atrás de um sorriso forçado e demonstra em algumas conversas fiadas com seu colega de palco.

A noite de Halloween, no entanto, pode ser sua salvação. Enquanto seu público fantasiado assiste, ele apresenta uma parapsicóloga (Laura Gordon) e uma jovem sobrevivente de culto satânico sofrendo – supostamente – de possessão demoníaca. Ninguém teve um demônio em um talk show antes – nem mesmo o Carson em sua melhor forma – então esta pode ser a chance que ele estava procurando. Um cético do paranormal (Ian Bliss) é convidado para equilibrar a entrevista.

O próprio estúdio cria um cenário realmente eficaz para este horror de um local – um ambiente onde câmeras, luzes e várias partes móveis adicionam um momento aterrorizante aos eventos. Decisões de vida ou morte precisam ser tomadas em intervalos comerciais de dois minutos enquanto maquiadores fazem retoques incongruentes.

É um filme maravilhosamente assustador que subverte o gênero e entrega um respiro entre tantos títulos genéricos.

Nota 3.5/5

Douglas Barcelos

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