Sábado, 27 de julho de 2024

Dale dale Fernandão, para sempre nosso eterno capitão!

Onde você estava em 11 de setembro de 2001? E quando o Brasil ganhou o Penta? Tenho certeza que todos os colorados sabem exatamente onde estavam na manhã do dia 17 de dezembro de 2006, quando aquele cara cabeludo, usando uma roupa toda branca ergueu o troféu de Campeão do Mundo do Internacional. Tragicamente, muitos também devem se lembrar de onde estavam na manhã do dia 7 de junho de 2014, mesmo que não associem a data ao fato.

Eu estava chegando ao local de embarque para um acampamento com meu grupo escoteiro. A primeira pessoa que encontrei foi um amigo que me abraçou, lamentando o que havia acontecido com Fernandão. Como assim? O que aconteceu? Nos minutos seguintes, recebi as informações dolorosas sobre o acidente de helicóptero. Os dias que vieram depois foram de homenagens, memorial, caminho do gol, Alex chorando com crianças, estátua.

Mas não escrevo este texto para falar de dor, de tristeza. Quero, humildemente, lembrar da importância de Fernando Lúcio da Costa para o Inter e para cada colorado.

Lembro quando li no jornal o retrospecto do atacante que chegava ao Beira-Rio. Não fiquei muito entusiasmado com o desempenho dele na França. Como eu estava errado!

Passei a minha infância ouvindo os colorados antigos falarem sobre Falcão, Figueroa, Valdomiro. Tinha uma certa inveja de não ter visto a história. Fernandão mudou isso. Se o facho de luz sobre a cabeça de Figueroa em 1975 simboliza uma década iluminada para o Inter, o milésimo gol em GreNais talvez fosse um spoiler do destino, uma revelação de que aquele camisa 18 seria o maior dos nossos 9 e pintaria o mundo de vermelho.

Como era legal assistir Fernandão jogando. Não apenas pela presença forte na área e as cabeçadas violentas que balançavam redes e faziam o Beira-Rio rugir, mas pela inteligência com a bola no pé, os passes sempre certos.

Outro momento do tempo que faz com que, certamente, todo colorado lembre onde estava é a noite do dia 16 de agosto de 2006. Eu estava no Beira-Rio quando Rogério pegou, soltou e Fernandão jogou para o fundo do gol. Se os colorados antigos apontavam para o local do estádio em que estavam quando viram Figueroa pular mais que todo mundo, eu poderei dizer para meus filhos onde eu estava quando o Ceni defendeu a cabeçada, o Fernandão buscou o rebote e cruzou para o Tinga libertar o grito dos colorados em toda a América.

Mas Fernandão não foi só o capitão dos títulos da América e do Mundo, o cara do voleio contra a Inter de Milão, do lençol seguido por um gol de bicicleta, da liderança para rasgar a touca verde em oito pedaços. Ele também não foi apenas o dirigente e o treinador que expôs a zona de conforto.

Goiano, Fernandão foi um representante dos colorados. Foi o cara que melhor defendeu os interesses da torcida na preleção do Mundial, que cantou como um torcedor na volta do Japão. Foi o cara que recuperou a autoestima de todos nós.

Como cantaram as ruas de Porto Alegre em 2014: “obrigado pelos anos que honraste a camisa do Inter, são várias alegrias e momentos, que nunca iremos esquecer”.

P.S: antes de publicar este texto, pedi a opinião de alguns colegas da redação. O sempre excelente Rodrigo Ramos pediu para parafrasear os irmãos Ramil. “Que saudade do Fernandão, da Elis e do Falcão. Coisas de magia sei lá, paralelo 30. Élder Granja “com a mão”, a cabeça do Fernandão, nosso povo sai do chão, explode meu coração!”

 

*Foto: Marcelo Campos/Inter