Estamos vivendo a maior crise do nosso estado, onde o número de pessoas fora de casa, por conta das enchentes, é maior que a população de sete capitais do nosso País. Equipes sem estádio, centro de treinamentos e até mesmo sem casa, pois perderam tudo com os acontecimentos dos últimos dias. Torcedores, comissão técnica e jogadores deixaram seus imóveis, estão em abrigo, casa de amigos ou ajudando no resgate para salvar vidas. Deste modo, te pergunto: de que forma, Grêmio, Inter e Juventude vão entrar em campo como se nada tivesse acontecido?
É um momento no qual a CBF precisa se posicionar, necessita ter pulso e mostrar que tem hierarquia no nosso futebol, mas principalmente respeito aos clubes do Sul. Entretanto, quem deveria ser o órgão regulamentador do esporte está pensando, somente, em sediar a Copa do Mundo Feminina. Infelizmente, somos deixados de lado e viramos segundo plano. Equipes do centro do País entendem que ajudar com doações e arrecadação de dinheiro seja o suficiente para reerguer a nossa sociedade.
Futebol não é apenas a bola rolando, torcida vibrando, é uma emoção que mexe com a paixão e com o coração das pessoas. O Grêmio não tem CT e muito menos estádio para alocar seus atletas, estima-se que demore pelo menos dois meses para a Arena ficar com mínimas condições de ter uma partida. Do outro lado, no Beira-rio baixou a água, mas a grama, que tinha um padrão FIFA, sendo considerado um dos melhores do País, não existe mais. O Clube do Povo precisa replantar o gramado e torcer para que o tempo colabore. Na Serra, a cidade de Caxias do Sul chegou a registrar dois tremores de terras, além das enchentes. Jogadores do Juventude estão engajados auxiliando os abrigos, doações e tentando confortar aquelas pessoas que perderam suas residências. Tirando isso, o acesso para a capital é quase inviavél e os aeroportos estão precários.
Enquanto isso, o resto dos clubes seguem jogando, treinando e levando o dia a dia como se o Rio Grande do Sul não existisse na Série A do Brasileirão. Flamengo e Palmeiras são as principais equipes que se mostram contrárias a paralisação do futebol. Por isso, te questiono, como que a competição terá isonomia assim? De que forma os gaúchos vão conseguir disputar, de uma forma parelha, o campeonato?Tem clima para o futebol retornar no nosso estado? Como que vamos pedir para os jogadores pararem se salvar vidas para retornar ao campo? Nunca será apenas futebol, mas os clubes precisam achar uma forma de se unir e parar de pensar apenas no próprio umbigo. Enquanto, ainda formos egoístas, o nosso esporte não irá evoluir