Aluguel em Porto Alegre dispara 11,8% em 12 meses e pressiona locatários em 2025

O cenário imobiliário de 2025 em Porto Alegre revela um forte impacto para quem depende de locação: o aluguel em Porto Alegre teve um aumento de 11,78% nos 12 meses encerrados em julho.

Esse salto, mais que o dobro da inflação oficial no mesmo período, coloca pressão sobre famílias, estudantes e trabalhadores que vivem de renda fixa ou com orçamento restrito, intensificando o estresse no bolso de quem aluga.

Ao longo deste artigo, analisaremos o que motivou esse aumento, os efeitos sobre os locatários e o que as perspectivas indicam para os próximos meses.

Contexto recente: por que a alta?

Crescimento nacional da locação e pressão macroeconômica

A valorização dos aluguéis em Porto Alegre não ocorre isoladamente: o mercado imobiliário em diversas capitais brasileiras registrou reajustes acima da inflação.

Em 2024, o preço médio do aluguel residencial no país subiu 13,5%, conforme dados do FipeZap.

O aumento expressivo está associado a fatores estruturais como os juros elevados, que encarecem financiamentos; o crédito mais restrito; e o aumento da demanda por locação, uma migração de pessoas que adiariam a compra de imóveis, optando por alugar.

O efeito desse cenário é amplificado em capitais com mercado imobiliário ativo.

Em 2024, a própria capital gaúcha registrou alta média de 26,33% no aluguel residencial.

Essa base elevada cria um ponto de partida sensível para os reajustes subsequentes, mesmo uma variação “modesta” torna os aluguéis visivelmente mais caros.

Oferta reduzida e demanda concentrada

Outro fator que pesa é a restrição da oferta de imóveis adequados à demanda.

A crise inflacionária e os juros altos limitam o poder de compra de quem quer adquirir imóvel próprio, de modo que muitas pessoas continuam alugando.

Esse movimento pressiona a demanda por locação, especialmente em bairros mais procurados ou com infraestrutura melhor, o que resulta em reajustes ainda maiores.

Além disso, há um descompasso entre a oferta de novos imóveis para locação e a procura, o que, em um mercado competitivo, favorece proprietários na hora de reajustar valores.

O que os dados dizem sobre Porto Alegre

Alta de 11,78% nos últimos 12 meses

Conforme noticiado em setembro de 2025, o valor médio do aluguel residencial em Porto Alegre teve alta de 11,78% nos 12 meses encerrados em julho.

Esse índice evidencia uma valorização real, já que supera expressivamente a inflação oficial apurada no mesmo período.

Essa alta é apontada como a segunda maior dos últimos 11 anos, atrás apenas da de 2024, quando os aluguéis subiram cerca de 20,77%, o que mostra a importância estrutural desse ajuste.

Divergência entre “novos aluguéis” e reajustes contratuais

É relevante destacar que os dados de 11,78% referem-se à média de novos contratos e ao mercado de anúncios, não necessariamente refletem os reajustes de contratos vigentes.

De fato, segundo o índice de anúncios para “aluguel novo” da própria FipeZap, Porto Alegre acumulou valorização de até 18,75% em 12 meses, o que demonstra que quem busca alugar agora encontra preços muito maiores do que há um ano.

Ou seja: para quem assina contrato agora, a diferença é ainda mais sensível. Para quem já vivia de aluguel, o impacto depende da data de renovação e do índice de reajuste contratual aplicado (como IGP-M, IPCA etc.).

Impactos para os locatários

Pressão sobre a renda e orçamento doméstico

Com uma alta nominal de quase 12% em um ano, o aluguel tende a consumir uma parcela maior da renda das famílias, num momento em que outros bens e serviços também sobem de preço.

Para trabalhadores com estabilidade relativa de salário, isso significa menos folga no orçamento e possíveis cortes em consumo, lazer ou mesmo poupança.

No caso de estudantes e jovens profissionais, o alta pode inviabilizar a permanência em determinados bairros ou imóveis antes acessíveis, forçando mudanças para regiões menos centrais ou com menos infraestrutura.

Aumento da desigualdade de acesso à moradia

Essa pressão pode ampliar desigualdades: quem já está em situação vulnerável pode ter dificuldade de encontrar moradia digna por preços razoáveis.

A alta dos aluguéis tende a beneficiar proprietários, mas penaliza principalmente aqueles com menor poder aquisitivo, elevando a insegurança habitacional.

Redução da atratividade da compra de imóveis, e efeito sobre o aluguel

Por outro lado, as altas taxas de juros que dificultam a compra de imóveis acabam mantendo a demanda por locação alta, o que sustenta os preços elevados.

Esse ciclo cria uma dependência contínua do mercado de aluguel, sem aliviar a pressão sobre os locatários.

Expectativas e cenários para 2025/2026

Possível acomodação, mas sem queda

Apesar da alta expressiva, há indícios de que o ritmo de crescimento dos aluguéis em Porto Alegre pode moderar nas próximas medições.

Alguns levantamentos apontam que o mercado de novos contratos já sinalizou desaceleração.

Porém, “desaceleração” não significa queda, especialmente se a inflação, os custos de construção e os juros permanecerem elevados.

Isso quer dizer que os aluguéis podem se manter altos ou crescer de forma mais moderada.

Necessidade de políticas habitacionais e negociação contratual

Diante desse cenário, há espaço para que locatários e proprietários renegociem contratos, buscando indexadores mais equilibrados ou prazos mais longos que evitem reajustes abruptos.

Além disso, a conjuntura reforça a urgência de políticas públicas voltadas à moradia, com oferta de habitação social ou subsídios, de modo a aliviar a pressão sobre quem depende de aluguel.

Conclusão

O salto de 11,78% no aluguel médio em Porto Alegre nos últimos 12 meses, e até 18,75% considerando novos contratos, revela um mercado imobiliário em forte valorização, que penaliza especialmente os locatários.

Esse movimento não é isolado, mas fruto de fatores macroeconômicos como juros elevados, crédito caro, alta da inflação e demanda reprimida por compra de imóvel.

Para quem aluga, o impacto é direto: percentual maior da renda comprometido com moradia, menos margem para consumo e um aumento na dificuldade de acesso a imóveis decentes.

Para muitos, isso implica mudança de bairro, sacrifício no padrão de vida ou insegurança habitacional.

Para lidar com esse desafio, tanto locatários quanto proprietários devem estar abertos à negociação contratual, idealmente com indexadores moderados.

E, em âmbito público, há urgência de políticas habitacionais que ampliem a oferta de moradias com aluguel acessível.

Se quiser, posso gerar uma análise com dados por bairro de Porto Alegre mostrando quais regiões tiveram os maiores aumentos, isso ajuda a mapear quais áreas estão ficando mais caras para aluguel.