Juro elevado freia atividade econômica e PIB recua 0,3% em outubro, aponta FGV

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil/Arquivo

A atividade econômica brasileira voltou a apresentar retração em outubro, com queda de 0,3% na comparação com setembro, de acordo com o Monitor do PIB, estudo divulgado nesta terça-feira (16) pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre), da Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado marca o segundo mês consecutivo de recuo, após a redução de 0,6% registrada em setembro.

Segundo a FGV, o desempenho negativo está diretamente ligado ao patamar elevado da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 15% ao ano — o maior nível desde julho de 2006. A economista Juliana Trece, responsável pelo levantamento, afirma que o juro alto atua como um freio para a economia ao encarecer o crédito, desestimular investimentos e reduzir o consumo.

Apesar da queda na comparação mensal, o Produto Interno Bruto (PIB) apresentou crescimento de 1% em relação a outubro de 2024. No trimestre móvel encerrado em outubro, a alta foi de 1,5% frente ao mesmo período do ano anterior. Já no acumulado de 12 meses, o avanço chega a 2,3%.

Pela ótica da produção, a retração foi influenciada pelo desempenho mais fraco da agropecuária e da indústria. Do lado da demanda, investimentos e consumo do governo tiveram contribuição negativa para o resultado, conforme aponta a FGV. Ainda assim, o consumo das famílias cresceu 0,5% no trimestre móvel, sustentado principalmente pelos serviços e bens semiduráveis.

As exportações ajudaram a amenizar o cenário de desaceleração, com crescimento de 8,9% no trimestre móvel, impulsionadas por produtos agropecuários e da indústria extrativa. Em valores correntes, a FGV estima que o PIB brasileiro tenha alcançado R$ 10,53 trilhões no acumulado até outubro.

O Monitor do PIB é um dos indicadores usados para acompanhar o desempenho da economia. Outro termômetro é o IBC-Br, do Banco Central, que apontou queda de 0,2% em outubro e crescimento de 2,5% em 12 meses. O resultado oficial do PIB é divulgado trimestralmente pelo IBGE, que prevê a divulgação dos dados do quarto trimestre de 2025 em março de 2026.