
Um atentado terrorista a tiros deixou 16 mortos — sendo 15 vítimas e um dos suspeitos — e ao menos 40 feridos na praia de Bondi, em Sydney, na Austrália, neste domingo (14). O ataque ocorreu durante as celebrações do festival judaico de Hanukkah e foi classificado pelas autoridades como um ato de terrorismo com indícios de motivação antissemita.
O episódio aconteceu em uma das áreas mais turísticas e movimentadas da cidade, provocando pânico entre moradores, turistas e participantes do evento religioso. A polícia isolou a região, acionou equipes antiterrorismo e reforçou a segurança em outros pontos de Sydney enquanto apura as circunstâncias do crime.
Segundo o comissário de polícia de Nova Gales do Sul, Mal Lanyon, o ataque foi planejado para atingir especificamente a comunidade judaica. O primeiro-ministro do estado, Chris Minns, afirmou que há indícios claros de que o grupo era o alvo principal da ação violenta. Durante a investigação inicial, a polícia retirou de um veículo próximo à praia um objeto considerado um possível artefato explosivo, além de outros itens suspeitos.
Entre os mortos estão pessoas com idades entre 10 e 87 anos. A vítima mais jovem, uma menina, chegou a ser socorrida, mas não resistiu aos ferimentos. Também morreram o rabino Eli Schlanger, de 41 anos, e um cidadão israelense. Ao todo, 40 pessoas ficaram feridas, incluindo dois policiais. O estado de saúde de vários feridos é considerado grave. O Ministério das Relações Exteriores informou que, até o momento, não há registro de brasileiros entre as vítimas.
De acordo com a polícia, os suspeitos do ataque são pai e filho. O pai, de 50 anos, possuía licença legal para armas de fogo e morreu após trocar tiros com agentes de segurança. O filho, de 24 anos, foi preso com ferimentos graves, mas está em condição estável. As autoridades afirmaram que não há indícios da participação de um terceiro envolvido e que os suspeitos não tinham antecedentes criminais.
O atentado gerou forte repercussão internacional. O primeiro-ministro da Austrália, Anthony Albanese, classificou o ataque como um “ato perverso de antissemitismo” e afirmou que o país não aceitará violência ou ódio. Líderes dos Estados Unidos, da ONU, de Israel e do Reino Unido também condenaram o episódio e anunciaram reforço na segurança de comunidades judaicas.
Durante o ataque, um vendedor de frutas identificado como Ahmed al Ahmed, de 43 anos, foi apontado como herói ao conseguir desarmar um dos atiradores. Natural da Síria e morador da Austrália desde 2006, ele foi baleado no braço e na mão, passou por cirurgia e se recupera no hospital. Ahmed recebeu reconhecimento público das autoridades e arrecadou mais de 1,2 milhão de dólares australianos em uma campanha de doações online.
Ataques a tiros em massa são raros na Austrália. O episódio mais grave anterior ocorreu em 1996, no massacre de Port Arthur, que levou o país a adotar uma das legislações mais rígidas do mundo sobre controle de armas.
As investigações seguem em andamento. As autoridades ainda buscam esclarecer a motivação detalhada dos suspeitos, se havia outros alvos planejados, a natureza exata do possível explosivo encontrado e se houve falhas de segurança antes do ataque.
