Mais de mil pessoas em situação de rua conseguiram deixar essa condição em Porto Alegre ao longo de 2025, entre janeiro e outubro, a partir do fortalecimento das políticas públicas de assistência social e da ampliação da rede de atendimento do município. Ao todo, 1.009 pessoas superaram a situação de rua por meio de diferentes estratégias, de acordo com suas necessidades e perfis.
Os dados apontam que a saída das ruas ocorreu por múltiplos caminhos. O trabalho de Abordagem Social possibilitou que 197 pessoas aceitassem apoio e iniciassem um processo de reconstrução de vida. Já o acolhimento institucional, em abrigos e casas de passagem, atendeu 177 pessoas, oferecendo acompanhamento técnico e acesso a outras políticas públicas. O Auxílio Moradia garantiu endereço fixo a 284 beneficiários, enquanto o Auxílio-Viagem permitiu que 302 pessoas retornassem com segurança às cidades onde possuem vínculos familiares ou redes de apoio. Além disso, o acompanhamento realizado nos Centros POP resultou na retomada de vínculos familiares por 49 pessoas.
Para o secretário municipal de Assistência Social, Matheus Xavier, os números refletem um trabalho contínuo e estruturado. Segundo ele, a superação da situação de rua exige tempo, vínculo e oportunidades, aliados a políticas públicas eficazes, equipes qualificadas e serviços acessíveis, com foco na autonomia das pessoas atendidas.
Um dos principais avanços em 2025 foi a ampliação das equipes de abordagem social. Atualmente, cada equipe conta com 11 facilitadores sociais que atuam em todas as regiões da Capital, promovendo busca ativa, diálogo qualificado e construção de vínculos. Os Centros POP 1 e 3 também passaram a funcionar em horário estendido, das 7h às 19h, ampliando o acesso a serviços como alimentação, higiene, guarda de pertences, atendimento técnico e encaminhamentos. Somados, os três Centros POP realizaram cerca de 86 mil atendimentos nos primeiros nove meses do ano.
Durante o inverno, entre maio e setembro, a prefeitura reforçou a rede de acolhimento com a Operação Inverno. Foram disponibilizadas 520 vagas para pernoite em abrigos emergenciais e albergues permanentes, além da ampliação do horário de funcionamento. O Transporte Solidário garantiu deslocamento gratuito entre os serviços, beneficiando mais de 11 mil passageiros no período.
Outra iniciativa foi a ampliação das casas de passagem. Em novembro, foi inaugurada a unidade Flor&Ser, com 50 vagas destinadas a mulheres e pessoas LGBTQIA+. Com outras duas casas já em funcionamento e novas unidades previstas, a modalidade deve alcançar 250 vagas, funcionando como etapa fundamental no processo de saída das ruas e reinserção social.
O município também firmou um termo de cooperação com o Ministério Público do Rio Grande do Sul para agilizar atendimentos de casos graves e garantir vagas em Serviços Residenciais Terapêuticos e comunidades terapêuticas, com prioridade para pessoas em situação de rua. Paralelamente, está em andamento o Censo da População em Situação de Rua, realizado pela Ufrgs, que deve fornecer um diagnóstico mais preciso da realidade local.
A prefeitura destaca que a situação de rua é um desafio complexo, presente em grandes cidades do mundo inteiro, e que envolve fatores como dependência química, problemas de saúde, rompimento de vínculos familiares e falta de moradia e trabalho. Diante desse cenário, o município reforça a importância de políticas públicas contínuas, integradas e do engajamento permanente da sociedade para ampliar soluções efetivas.
