Venezuela acusa EUA de pirataria após apreensão de petroleiro em águas internacionais

Foto: Reuters/Maxwell Briceno

O governo da Venezuela reagiu com veemência à apreensão de um petroleiro de bandeira venezuelana por militares dos Estados Unidos, ocorrida nesta quarta-feira, em águas internacionais. O navio transportava aproximadamente 1,1 milhão de barris de petróleo e, segundo autoridades de Caracas, sua captura representa um “roubo descarado” e um ato de pirataria. A operação provocou impacto imediato no mercado global de petróleo, elevando os preços da commodity.

Em comunicado oficial, o governo de Nicolás Maduro afirmou que a ofensiva norte-americana integra um plano contínuo de saque das riquezas energéticas venezuelanas. O texto relembra também o caso da Citgo, subsidiária da PDVSA nos EUA, cuja venda foi autorizada pela Justiça norte-americana no início de dezembro, após anos de disputa política entre Washington e Caracas.

A vice-presidente Delcy Rodríguez declarou que o país recorrerá a todas as instâncias internacionais para denunciar o que classificou como um ilícito internacional. A ação militar foi anunciada pelo próprio presidente dos EUA, Donald Trump, que afirmou que pretende manter o controle sobre o navio, sem detalhar os próximos passos. Um vídeo divulgado nas redes mostra helicópteros e agentes armados tomando a embarcação.

Analistas veem a apreensão como um novo degrau da escalada militar norte-americana contra o governo Maduro. Para o pesquisador Ronaldo Carmona, do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), o episódio pode indicar a preparação de um bloqueio naval com o objetivo de sufocar economicamente a Venezuela e acelerar uma possível queda do governo. Ele alerta que o avanço militar dos EUA na região representa grave risco para a estabilidade sul-americana.

A ação contra o petroleiro soma-se a episódios anteriores de interceptações de embarcações no Caribe, oficialmente justificadas por Washington como parte do combate ao narcotráfico — embora o país sul-americano não figure entre os grandes produtores de cocaína nem abrigue grandes cartéis. Desde 2017, a Venezuela enfrenta sanções econômicas impostas pelos EUA, enquanto especialistas afirmam que a disputa energética e geopolítica é o principal motivador por trás do aumento das tensões.

O cerco ocorre em meio à nova diretriz de segurança nacional divulgada pela Casa Branca, que reafirma a intenção dos Estados Unidos de manter “proeminência” sobre a América Latina. Para analistas internacionais, as ações contra a Venezuela buscam reforçar a pressão por uma mudança de regime em Caracas, governo que mantém alianças estratégicas com Rússia, China e Irã — adversários diretos de Washington no cenário global.