
Em um discurso marcado por tom de indignação e apelo social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou nesta terça-feira (2) o envolvimento direto dos homens no combate à violência de gênero. As declarações foram feitas em Ipojuca (PE), durante o lançamento das obras de ampliação da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), da Petrobras.
Lula mencionou casos recentes de feminicídio e tentativas de assassinato que ganharam repercussão nacional, destacando a reação da primeira-dama, Janja da Silva, que teria pedido a ele uma postura “mais dura” diante da escalada de violência contra mulheres. O presidente descreveu episódios ocorridos em São Paulo e no Recife, envolvendo agressões motivadas por inconformismo com o fim de relacionamentos, ataques armados e um incêndio criminoso que matou uma gestante e quatro crianças.
O presidente questionou se a legislação atual é suficiente para lidar com a brutalidade de crimes cometidos contra mulheres e classificou os agressores como indivíduos movidos por irracionalidade extrema. Ele defendeu que os homens assumam responsabilidade no processo de prevenção, ensinando respeito e repudiando comportamentos violentos entre familiares, amigos e colegas.
Lula, que foi criado apenas pela mãe, reforçou a ideia de uma mobilização nacional masculina para combater a violência de gênero. Segundo ele, é necessário romper definitivamente a lógica de posse, controle e agressão que sustenta grande parte dos feminicídios no país.
Os números reforçam a preocupação: somente em São Paulo, 207 mulheres foram mortas desde janeiro vítimas de feminicídio. Em outubro, houve 22 mortes e mais de 5,8 mil casos de lesão corporal dolosa registrados.
O pronunciamento ocorreu no mesmo evento em que o governo anunciou novos investimentos de cerca de R$ 12 bilhões na Rnest, que deve ampliar em 130 mil barris por dia sua capacidade de processamento até 2029, tornando-se responsável por cerca de 17% da produção nacional de diesel.
