Brasileiros passam a beber menos e indústria se adapta a novo perfil de consumo

O consumo de bebidas alcoólicas vem diminuindo no Brasil, especialmente entre jovens de 18 a 34 anos, que lideram o movimento de abstinência e buscam hábitos ligados à saúde, bem-estar e estabilidade emocional. Pesquisas recentes mostram queda no consumo frequente de álcool e revelam que a geração Z já não enxerga a bebida como símbolo social, além de ser impactada por questões financeiras e menor renda disponível. Entre os que não bebem, predominam razões como desinteresse, rejeição ao sabor e preocupação com os efeitos físicos e emocionais.

Esse comportamento tem provocado uma reorganização no mercado de bebidas. O setor registra crescimento acelerado no segmento sem álcool, puxado por consumidores mais moderados e dispostos a alternar entre doses alcoólicas e não alcoólicas—a prática conhecida como zebra stripe. Ao mesmo tempo, cresce a busca por produtos premium, como uísques single malt, valorizados pela experiência sensorial mais do que pela embriaguez.

As empresas enxergam a mudança como oportunidade. A Ambev registra expansão significativa em seu portfólio 0.0%, com marcas como Bud Zero, Corona Cero, Stella Pure Gold e Brahma Zero. A Corona Cero se destaca ao incorporar vitamina D e reduzir calorias. Gigantes globais também investem no setor: a Diageo ampliou sua atuação com a compra da Ritual Zero Proof e fortaleceu rótulos como Tanqueray 0.0%.

Nos bares, a tendência impulsiona a criatividade na coquetelaria. O Caledonia, referência em uísques, reformulou a carta e incorporou mocktails complexos, feitos com técnicas de clarificação, infusões e uso de ingredientes sofisticados. O sucesso é crescente, com vendas expressivas de bebidas sem álcool e uma clientela interessada em experiências sensoriais mais elaboradas. Para especialistas, essa mudança mostra que o ato de beber está se transformando em um hobby voltado à descoberta e não ao excesso.