
A música brasileira perdeu, na noite de sexta-feira (22), um dos seus grandes intérpretes e divulgadores do repertório nacional de piano. O pianista Miguel Proença faleceu no Hospital São Vicente, no Rio de Janeiro, vítima de falência múltipla dos órgãos, aos 86 anos. A informação foi confirmada pelo cantor Márcio Gomes, amigo próximo do músico.
Nascido em 27 de março de 1939, em Quaraí, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, Proença iniciou os estudos de piano ainda na infância e, na adolescência, seguiu sua formação na Alemanha, nas cidades de Hamburgo e Hannover.
De volta ao Brasil, estabeleceu-se no Rio de Janeiro, de onde construiu uma carreira que o levou a salas de concerto no país e no exterior. Com mais de seis décadas de atividade, deixou uma discografia marcada por interpretações de compositores brasileiros como Alberto Nepomuceno, César Guerra-Peixe, Edino Krieger, Ernesto Nazareth, Oscar Lorenzo Fernández, Radamés Gnattali e Heitor Villa-Lobos. Em 2005, sua trajetória fonográfica foi reunida na coleção Piano Brasileiro, com 10 discos.
Além de concertista, Proença teve atuação destacada como educador e gestor cultural. Foi diretor da Sala Cecília Meireles em duas passagens (1987 e 2017–2018), dirigiu a Escola de Música Villa-Lobos e ocupou o cargo de secretário municipal de Cultura do Rio de Janeiro entre 1983 e 1988, período em que criou a Orquestra de Câmara da Cidade.
O pianista também idealizou o projeto Piano Brasil, promovendo recitais e masterclasses em diferentes regiões do país e ampliando o acesso à música erudita brasileira.