A Melhor Mãe do Mundo — uma jornada dura, sensível e necessária

 

Por Cleber Moscope | Coluna Masper TV

O cinema nacional mais uma vez se supera ao entregar uma obra impactante, profunda e socialmente necessária. A Melhor Mãe do Mundo, dirigido por Anna Muylaert, estreia nos cinemas brasileiros em 7 de agosto de 2025, após passagem marcante pelo Festival de Berlim. E vale cada minuto.

O filme tem uma interpretação linda e tocante de Shirley Cruz, no papel de Gal, uma catadora de materiais recicláveis que foge da violência doméstica com seus dois filhos pequenos. Ela carrega os filhos na carroça em busca de abrigo, proteção e dignidade — e carrega, também, uma carga simbólica de opressão, medo e luta que tantas mulheres brasileiras conhecem bem.

O longa tem um peso psicológico muito forte, e fico imaginando como foi, inclusive, para Seu Jorge, que interpreta Leandro — um homem que, como tantos, aprendeu a trabalhar, mas não a tratar uma mulher. Que foi ensinado a ser “homem” sendo violento, por acreditar que quem coloca dinheiro dentro de casa tem o direito de impor medo e força.

O que mais me tocou é como o filme retrata a violência como algo normalizado, presente na estrutura familiar e social. Para Gal, a opressão já faz parte da vida, mas o filme mostra que a vida — apesar de dura — pode ter momentos de aventura, de amor e até de beleza. A busca dela não é por luxo ou heroísmo, é por algo que deveria ser básico: dignidade.

Um momento marcante mostra isso com força: Gal precisa roubar para conseguir um simples absorvente, item essencial que revela o quanto o básico ainda é inacessível para muitas mulheres.

Além do filme, eu recomendo fortemente que você assista à série de mini-documentários “A Melhor Mãe do Mundo (Real)”, disponível no YouTube. Dirigido por Pedro Bayeux, o projeto retrata a vida real de mulheres que, como Gal, trabalham como catadoras e são mães. Histórias como a de Cida Preta, catadora de 68 anos, mãe de sete filhos e apaixonada por escrita, que chegou a concluir um curso na Unicata — a universidade dos catadores — nos mostram que resistência e sensibilidade caminham juntas.

A Melhor Mãe do Mundo é um filme brasileiro necessário, que vai muito além da ficção. Ele tem estrutura, roteiro, atuações marcantes e, acima de tudo, um apelo social importante — especialmente para refletirmos sobre a base da pirâmide social, onde estão as pessoas com menos oportunidades e mais obstáculos diários.

Assista. Reflita. Compartilhe.


🎬 Ficha técnica do filme “A Melhor Mãe do Mundo” (2025)

  • Direção: Anna Muylaert

  • Elenco: Shirley Cruz, Seu Jorge

  • Estreia: 7 de agosto de 2025, nos cinemas brasileiros

  • Sinopse: Gal (Shirley Cruz), uma catadora de materiais recicláveis, foge da violência doméstica com seus dois filhos pequenos, levando-os em sua carroça em busca de um futuro melhor.

🎥 Mini-documentários “A Melhor Mãe do Mundo (Real)”

  • Direção: Pedro Bayeux

  • Disponível no YouTube

  • Temática: Relatos reais de mulheres que conciliam o trabalho de coleta com a maternidade.

  • Destaque: Cida Preta, 68 anos, mãe de sete filhos e escritora, que concluiu curso na Unicata – universidade para catadores.