A recente tragédia climática no Rio Grande do Sul pode resultar em perdas econômicas de até R$ 97 bilhões para a economia brasileira este ano, segundo estudo divulgado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) nesta quinta-feira (25). As enchentes no estado devem impactar diretamente R$ 58 bilhões no RS e outros R$ 38,9 bilhões em unidades da federação.
O levantamento da CNC estima que a tragédia pode afetar até 9,86% do Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul, com uma redução de até 1% no PIB nacional.
A catástrofe climática poderá resultar na perda de 195 mil empregos no RS e 110 mil em outros estados, representando 7,19% do estoque de empregos formais no estado e 0,69% no Brasil.
Além dos danos econômicos, a CNC alerta para o impacto inflacionário e na dinâmica fiscal do país. “O comércio, os serviços e o turismo sofrerão duramente caso as medidas mitigatórias não sejam implantadas de maneira efetiva”, aponta o estudo.
O comércio deve sofrer uma perda diária de R$ 5 bilhões, que representa 31,5% do previsto para maio. As perdas anuais podem chegar a R$ 10 bilhões, cerca de 5% do faturamento de 2023.
O turismo no estado, responsável por 6% do faturamento do setor no Brasil em 2023, enfrenta perdas diárias superiores a R$ 49 milhões, com um impacto acumulado de até R$ 6 bilhões ao longo do ano. A infraestrutura de transporte, incluindo o fechamento do aeroporto de Porto Alegre e estradas afetadas, agrava a situação.
A produção agrícola, em especial de arroz, e a indústria de transformação serão severamente afetadas. O setor agrícola responde por cerca de 6% do PIB estadual, com a produção de arroz representando 1%.
Para mitigar os impactos, a CNC propõe ações complementares ao pacote de apoio do governo federal, avaliado em R$ 46,1 bilhões. Segundo a entidade, o estado necessita de R$ 19 bilhões para reconstruir sua infraestrutura.
As medidas sugeridas incluem redução proporcional da jornada de trabalho e salários, suspensão temporária de contratos com compensação financeira, flexibilização do trabalho remoto, antecipação de férias e utilização de bancos de horas.
A CNC defende um programa de crédito para pagamento de folha salarial, renegociação de dívidas tributárias e redução a zero do spread bancário do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Propõe-se um diferimento de seis meses para pagamento do Simples Nacional e impostos federais, além da criação do Programa Perse-RS, com redução de alíquotas para o setor de turismo até 2027.
José Roberto Tadros, presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, ressalta a importância de implementar rapidamente as medidas de auxílio para evitar efeitos prolongados na economia gaúcha e brasileira. “A rápida implementação das medidas de auxílio é crucial para evitar efeitos prolongados e danos adicionais”, afirma Tadros.
Luiz Carlos Bohn, presidente do Sistema Fecomércio-Sesc-Senac-RS e 2º vice-presidente da CNC, enfatiza a necessidade de resiliência nas ações. “O Rio Grande do Sul passou por uma tragédia histórica, com perdas que não se restringem apenas ao momento atual. É necessário auxiliar todos os afetados e garantir que isso jamais se repita nas proporções vistas recentemente”, afirma Bohn.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, destaca que a reconstrução exigirá esforços contínuos e investimentos substanciais para restaurar a economia e os empregos perdidos.